História da UBES

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) representa os alunos dos Ensinos Fundamental, Médio, Técnico, Profissionalizante e Pré-Vestibular de Brasil. Reúne em torno de si todos os grêmios das escolas públicas e particulares, além das entidades estaduais e municipais secundaristas. Desde 1948, a UBES defende a juventude, a educação e uma nação livre e soberana, ao lado dos principais movimentos sociais. Os estudantes secundaristas participaram de diversos momentos da história do país, como na época da ditadura militar, no governo Collor com os cara pintadas, durante o governo FHC contra o neoliberalismo no Brasil e na América Latina. Qualquer estudante pode fazer parte desta história e se unir à UBES. Basta procurar o movimento estudantil na sua escola.
 RESUMO HISTÓRICO
Liceus - Desde as décadas de 30 e 40, os estudantes secundaristas já se organizavam em diversas regiões para debater e transformar a educação no Brasil. A maioria desses grupos surgia dentro das escolas, nos grêmios dos antigos colégios estaduais, os chamados Liceus. Nessa época, o contingente de estudantes crescia muito e sua participação na vida política do país era cada vez mais urgente. Era preciso que o movimento se organizasse em uma só entidade, para fortalecer a representação e a luta estudantil.
Nasce a UBES - Os secundaristas conseguiram com muito esforço realizar o seu primeiro congresso nacional em 1948, no Rio de Janeiro. A UBES foi criada no dia 25 de julho, mesma data em que foi oficializada a colaboração entre UNE e a UBES. Nos seus primeiros anos de existência, ainda em fase de estruturação, a entidade enfrentou o conturbado período do fim da era Vargas. Após o suicídio do ex-presidente, em 1954, a ameaça de golpe rondava o país e os secundaristas juntaram forças para lutar pela democracia e pela realização das eleições.

A UBES cresceu e expandiu suas bandeiras, os estudantes se mobilizavam por mais bolsas de ensino, material didático e melhores condições para os alunos carentes. No início da década de 60, durante os governos Jânio Quadros e João Goulart, os estudantes passaram a integrar a Frente de Mobilização Popular, que envolvia outros importantes movimentos sociais brasileiros da época.
Golpe Militar - Mas a UBES recebeu um duro golpe com a chegada dos militares ao poder. Logo que a ditadura se instalou, em 1964, a sede da UBES e da UNE, que funcionavam no mesmo prédio, na praia do Flamengo, foi atacada e incendiada. As lideranças estudantis foram perseguidas e presas. Muitos militantes fugiram ou foram exilados, mas, mesmo assim, a UBES se organizou como pôde. O movimento continuou dentro das escolas, com os grêmios, e através de diversas passeatas e manifestações. Houve muita luta contra o acordo MEC e a USAID, instituição norte-americana que iria buscava intervir diretamente na educação brasileira.
Edson Luís - A situação se tornou mais complicada com o Ato Institucional 5, em 1968. Todas as atividades estudantis foram postas na ilegalidade, a repressão era intensa e violenta. Um episódio então marcou a história da UBES e do país no dia 28 de março de 1968. Uma manifestação no Rio de Janeiro contra o fim de um restaurante popular resultou no assassinato do estudante secundarista Edson Luís Lima Souto, de 16 anos. Edson tornou-se o símbolo da resistência não só para os estudantes, mas para todos os que lutaram e sonharam com o fim da ditadura e a recuperação da liberdade.
O cortejo de seu enterro, com saída da Cinelândia, onde foi velado, até o cemitério São João Batista, reuniu milhares de pessoas, comparável somente ao de Getúlio Vargas. Nas palavras de Arthur Poerner, no livro O Poder Jovem, temos um relato impressionante ao dizer que “coberto pela bandeira nacional, o caixão desceu as escadarias da Assembléia sob os acenos de milhares lenços brancos. O povo entoava o Hino Nacional. Do alto dos edifícios caíam pétalas de flores e papéis picados, a multidão gritava “desce”, “desce!” para os que, nas janelas, se limitavam a içar bandeiras negras. Muitos desciam e se integravam ao acompanhamento. Mas os gritos mais ouvidos – igualmente inscritos em centenas de faixas – eram “Poderia ser seu filho!”, “Fora assassinos!”, “Brasil, seus filhos morrem por você!”.(sic)
Reconstrução - A repressão continuou e a UBES precisou se manter em pequenos congressos secretos com menos participantes, mas que mesmo mantiveram a unidade e a chama do movimento estudantil acessa. A reconstrução veio aos poucos, a partir de 1977. Algumas entidades secundaristas conseguiram fortalecer a sua atuação nos chamados centros cívicos de algumas cidades e começaram a reaparecer alguns grêmios e um movimento nacional pelo renascimento da UBES. A consolidação aconteceu com muito esforço em 1981, em Curitiba. Um antigo galpão, sem teto, banheiros, salas e cadeiras, serviu de base pra as discussões. No local, apenas muita poeira. Muitos estudantes foram para o sul do país sem dinheiro para voltar. Pedágios foram armados para levantar recursos. A polícia chegou a invadir o Congresso com a cavalaria. Mesmo com tantas dificuldades, a UBES renasceu.
Diretas Já - Em 1984, a UBES participou ativamente da campanha Diretas Já e apoiou a eleição de Tancredo Neves. O então presidente da entidade Apolinário Rebelo foi o primeiro a discursar no famoso Comício da Candelária que reuniu um milhão de pessoas. Os estudantes pintaram o rosto de verde e amarelo e foram para as ruas exigir a democracia de volta no país.

28º Congresso - 1989 - Em plena campanha presidencial em andamento, quase cinco mil estudantes estiveram em Santo André, discutindo assuntos relacionados com o Movimento Estudantil, as primeiras eleições presidenciais brasileiras (o congresso recebeu quatro candidatos a vice-presidência da república para um debate com os delegados), a onda de manifestações contra os aumentos das mensalidades e das passagens de ônibus. Neste congresso, os delegados decidiram que os próximos congressos seriam compostos a partir de congressos estaduais e que a diretoria eleita no próximo ano teria mandato de dois anos. Um acontecimento importante foi a mobilização em torno do voto aos dezesseis anos no Brasil, novidade introduzida com a nova Constituição Brasileira. Outra característica importante do congresso foi o fato de ter-se iniciado nele a grande unidade do movimento estudantil, com a eleição de Manoel Rangel (presidente da UBES) e Danilo Zimbres (vice-presidente da UBES). Tais conquistas foram obtidas, após intensas mobilizações estudantis, no processo de aprovação, pelas câmaras municipais, das leis orgânicas dos municípios.
Fora Collor - Pouco tempo depois, durante o governo do presidente Fernando Collor, os secundaristas de caras pintadas seriam novamente protagonistas de um episódio marcante na vida do país. Em 1992, ainda em fase de reestruturação, a UBES foi uma das protagonistas do movimento que ficou conhecido como o “Fora Collor”, com participação de vários seguimentos da sociedade. Os secundaristas eram maioria nas manifestações que pipocavam por todo país exigindo o impeachment do presidente corrupto.
Era FHC - O forte posicionamento dos secundaristas foi marca registrada durante o governo FHC, quando os estudantes defenderam a manutenção do ensino público de qualidade, o passe livre nos transportes e o fim da política neoliberal na educação. Desde o início do governo Lula, a UBES apoiou as reformas importantes para o país, defendendo, entretanto, mudanças na política econômica e mais recursos para a educação e a cultura.
Após quase 60 anos de história, a UBES está enraizada na sociedade brasileira e presente nas principais discussões em curso no país. As lutas dos secundaristas de hoje são pelo Passe Estudantil (Meio Passe ou Passe Livre) no transporte público municipal e intermunicipal para os estudantes, o combate à evasão escolar e pela obrigatoriedade do ensino da Sociologia e Filosofia no Ensino Médio. A UBES também defende a reserva de vagas para estudantes da rede pública nas universidades e a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb. A instituição participa do Conselho Nacional de Juventude e da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), ao lado da UNE, MST, CUT movimentos de moradia, pastorais e diversos sindicatos. Sempre a favor da juventude e da cultura, os secundaristas continuam rebeldes, com causa e personalidade para transformar o Brasil.

"Meia entrada","passe livre" e "educação pública e gratuita para todos" - Após anos de intensas mobilizações dos estudantes pela reconstrução dos grêmios estudantis e das entidades estaduais de estudantes (AMES, UMES, etc.), o 28° Congresso da UBES, realizado em 1989, representou o grande momento da reconstrução do movimento estudantil secundarista. Com o lema "Unidade para Lutar", a diretoria da UBES conclamou os estudantes a lançaram-se às ruas de todo o país, em grandes passeatas, pela conquista do passe livre nos transportes, da meia entrada no cinema e da garantia de educação pública gratuita e de qualidade para todos na Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira. Sob a liderança unificada e combativa da UBES, estudantes secundaristas organizaram, nas principais cidades do país, dezenas de grandes passeatas, que marcaram o retorno dos estudantes ao centro da vida política nacional. Essas passeatas, alegres e coloridas, culminaram com a obtenção de importantes vitórias, como a aprovação do passe livre no Rio de Janeiro e da meia-entrada nos cinemas e teatros em diversas capitais do Brasil. Organizados em associações municipais de estudantes em todas as capitais, os estudantes retornavam, com toda força, ao cenário político nacional e preparavam o caminho para seu próximo grande ato: o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.



 PRESIDENTES:
Julho 1948 / Julho 1949 - Luis Bezerra de Oliveira
Julho 1949 / Dezembro 1950 - Carlos Cesar Castelar Pinto
Janeiro 1950 / Julho 1950 - José Teotonio Padilha de Sodré
Julho 1950 / Julho 1951 - Lucio Urubatan Rebelo de Abreu
Julho 1951 / Julho 1952 - Tibério Cesar Gadelha
Julho 1952 / Julho 1953 - Edson Fontoura
Julho 1953 / Julho 1954 / (reeleito) Julho 1954 / Julho1955 - Dineas Aguiar
Julho 1995 / Dezembro 1955 - Nissin Castiel
Janeiro 1956 / Julho 1956 - Helga Hofman
Julho 1956 / Julho 1958 - José Luis Barbosa Ramalho Clerot
Julho 1958 / Julho 1959 - Celso Saleh
Julho 1959 / Dezembro 1959 - Raimundo Nonato Cruz
Janeiro 1960/ Julho 1960 - Afonso Celso Guimarães Lopes
Julho 1960 / Julho 1961 - Jarbas Santana
Julho 1961 / Julho 1962 - Alcino Pinheiro Rego
Julho 1962 / Julho 1963 - Polibio Braga
Julho 1963 / Julho 1964 - Olimpio Mendes
Março1967 / Abril 1968 - Tiberio Canuto de Queiroz Portela
Abril 1968 / Dezembro 1968 - Marcos Antonio Machado de Mello
*Dezembro 1968 - Juca Ferreira
Maio 1970 / fim 1971 (diretoria quase toda foi presa) - Marcos Brasil
Novembro 1981 / Novembro 1983 - Sergio Amadeu da Silveira
Novembro 1983 / Maio 1984 - Apolinario Rebelo
Maio 1984 / Julho 1985 - Delcimar Pires
Julho 1985 / Junho 1986 - Selma Oliveira Baçal
Junho 1986 / Julho 1987 - Rovilson Brito
Julho 1987 / Julho 1988 - Altair Lebre
Julho 1988 / Setembro 1989 (reeleito) Setembro 1990 - Manoel Rangel
Setembro 1990 / Agosto 1992 - Leila Marcia Santos
Agosto 1992 / Novembro 1993 - Mauro Panzera e Antonio Parente
Novembro 1993 / Novembro 1995 - Joel Benin
Novembro 1995 / Novembro 1997 - Kerison Lopes
Novembro 1997 / Novembro 1999 - Juana Nunes
Novembro 1999 / Novembro 2001 - Carla Thais Santos
Novembro 2001 / Dezembro 2003 - Igor Bruno Freitas
Dezembro 2003 / Dezembro 2005 - Marcelo Brito Gavião
Dezembro 2005 / Dezembro 2007 - Thiago Franco
Dezembro 2007 / Dezembro 2009 - Ismael de Almeida Cardoso


* Juca Ferreira foi eleito presidente em um Conselho da UBES realizado em dezembro de 1968, na cidade de Salvador (BA)