sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Ensino Médio"

> Correio Braziliense, 16/06/2011 - Brasília DF
Câmara aprova obrigatoriedade do ensino de Libras e Braile
Agência Câmara


           A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania aprovou nesta quinta-feira proposta que obriga as escolas públicas e privadas a oferecer a seus alunos com necessidades especiais as linguagens específicas que lhes permitam uma perfeita comunicação, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o sistema Braile. A proposta, que foi aprovada em caráter conclusivo e segue para o Senado, estabelece que “os sistemas de ensino deverão assegurar aos alunos com necessidades especiais métodos pedagógicos de comunicação, entre eles: Língua Brasileira de Sinais (Libras), tradução e interpretação de Libras, ensino de Língua Portuguesa para surdos, sistema Braille; recursos áudios e digitais, orientação e mobilidade; tecnologias assistivas e ajudas técnicas; interpretação da Libras digital, tadoma e outras alternativas de comunicação”. O texto aprovado, que altera o capítulo sobre educação especial da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), também amplia o conceito de educação especial. Conforme a definição atual, trata-se da “modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. 
           Conforme a proposta, a educação especial é a “modalidade de educação escolar que realiza o atendimento educacional especializado, definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns oferecidos, preferencialmente, na rede regular de ensino”. As demais características da educação especial, descritas no artigo 59 da lei, são mantidas pela proposta aprovada hoje. O texto aprovado é uma emenda do relator da proposta na CCJ, Efraim Filho (DEM-PB), que se baseou no substitutivo aprovado anteriormente pela Comissão de Seguridade Social e Família ao Projeto de Lei 6706/06, da ex-senadora Ideli Salvati (PT-SC), hoje ministra das Relações Institucionais. A proposta original previa apenas a inclusão da Libras no currículo, mas foi ampliado, atendendo às demais pessoas com deficiência. O texto volta para o Senado por ter sido alterado.

"ENEM"

> Correio Braziliense, 16/06/2011 - Brasília DF
Cursos de licenciatura terão 6,3 mil vagas para o segundo semestre


           O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) oferece um total de 6.369 vagas em cursos de licenciatura, na segunda edição de 2011. As inscrições para o processo que selecionará candidatos às vagas do segundo semestre de 2011 em instituições públicas de ensino superior estarão abertas até o próximo domingo, 19 de junho. Entre os cursos de licenciatura com maior oferta estão os de matemática, com 922 vagas; química, com 678 vagas; física, com 557 vagas, e ciências biológicas, com 553 vagas. Ao todo, as 48 instituições participantes do processo do Sisu no segundo semestre oferecem 26.336 vagas, distribuídas em 19 universidades federais, 23 institutos federais, dois centros federais de educação tecnológica (Cefets) e quatro universidades estaduais.
           Podem se candidatar os estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2010. As inscrições serão realizadas em uma única etapa. Os candidatos poderão inscrever-se, em ordem de preferência, em até duas opções de cursos entre as instituições participantes. Durante o período de inscrição, o candidato poderá alterar suas opções, com base na nota de corte divulgada ao fim de cada dia. Cada alteração invalida a opção feita anteriormente. 
           Ao final das inscrições, serão realizadas duas chamadas e, em cada uma delas, o candidato terá um prazo para efetuar a matrícula na instituição em que foi selecionado. O resultado da primeira chamada será divulgado no dia 22 de junho e o prazo para matrícula dos candidatos selecionados será de 27 a 28 de junho. No dia 2 de julho será divulgado o resultado da segunda chamada, com prazo de matrícula de 5 a 6 de julho. Os selecionados na primeira opção não serão convocados nas chamadas posteriores — nem mesmo aqueles que não fizeram a matrícula. Após as duas chamadas, caso ainda existam vagas disponíveis, os estudantes ainda não selecionados poderão manifestar o interesse em participar da lista de espera do Sisu. O prazo para declarar interesse em permanecer na lista é de 2 a 7 de julho.

"Universidade"

UnB:imagens de uma universidade resistente


Fotos de Adonai Rocha, ex-aluno da Universidade de Brasília, mostram ocupação da UnB em 1977. Material ficou guardado por mais de 30 anos

O ano era 1977. O Brasil vivia a ditadura militar que, na universidade, era personificada pela figura do reitor José Carlos Azevedo, capitão-de-mar-e-guerra. No dia 6 de junho, a pedido dele, a polícia invadiu o campus da UnB para reprimir os estudantes. Na semana anterior, os alunos tinham decretado greve em reação à suspensão de 16 colegas. A ocupação duraria três meses.
Adonai Rocha, calouro da Comunicação, usou sua máquina fotográfica como arma para registrar a intimidação promovida pelo regime. As imagens revelam tanto a intimidação dos homens fardados quanto a resistência dos estudantes. Sempre unidos, os alunos reclamavam melhores condições de ensino, denunciavam a falta de instalações físicas e de professores. Também criticavam a ausência de liberdade de expressão e de organização.
Para garantir que o material fotográfico não fosse confiscado, Adonai escondia os filmes no pé de árvores do campus, fora da vista da polícia. Depois, voltava para buscar. “Tirar fotos era tenso. Sacar uma câmera e apontar para os policiais era um ato de risco”, conta. “Quando os militares pegavam o filme, puxavam o negativo”, lembra Adonai.
Ano passado, quando Brasília completou 50 anos, o fotógrafo decidiu reorganizar seus arquivos. Descobriu em uma das caixas, negativos que nunca antes revelado. Neles, encontrou 60 fotos daquele tumultuado ano. “São manifestações, passeatas, éramos jovens sonhadores que não calávamos, mesmo sob a ameaça das armas”, conta Adonai Rocha.



Lembranças da resistênciaEntre aqueles corajosos manifestantes, estava o aluno de Agronomia Zeke Beze Junior. “Entrei no movimento estudantil durante a greve”, lembra ele, que estava no 2º semestre. “Fiquei indignado com a forma como a reitoria e o governo lidaram com a situação. Isso revoltava qualquer pessoa que tinha um mínimo de consciência política”.
Para Zeke, a lembrança mais marcante do período foi o dia de chegada dos militares. O Comando de Greve alertou os estudantes que se concentravam na Ala Norte do Minhocão para que deixassem o campus em grupos. Cerca de 100 jovens decidiram ficar. “A polícia começou a cercar as pessoas. Quem ficou e esboçou resistência foi preso”, lembra.
Ana Leyla Ferreira, então estudante de Comunicação, preferiu sair num grupo de quatro ou cinco pessoas. “Era importante não estar sozinho, se não eles nos carregavam e jogavam no camburão”, diz. Naquele dia, ela começou a namorar o homem com quem está casada até hoje. “Quando saímos, o Getúlio passou a mão no meu ombro, me protegeu”, recorda com romantismo.
A união de Ana Leyla e Getúlio é permeada por lembranças da época em que a UnB foi ocupada por militares. “Meu curso na UnB foi muito mais de corredor do que de sala de aula. Era difícil não participar do movimento político, não reagir”, conta Ana Leyla Ferreira.

Estudando com o inimigoUma das marcas do período era a desconfiança generalizada. “Tinha grande infiltração de policiais à paisana. A gente nunca sabia quem era um colega e quem era um traidor”. Os militares se vestiam como os estudantes e tinham até carteirinhas para se passar por eles. “Esse clima de tensão, de repressão, de deduragem, estava sempre presente. Era um clima de terror”, desabafa Zeke Beze Junior.
Por outro lado, só unidos os estudantes podiam resistir. Nesse contexto, era grande o espírito de cooperação entre eles. “A gente tinha praticamente uma universidade paralela dentro da UnB”, conta Zeke. “Apesar da ditadura, da tensão, da polícia, existia vontade de fazer as coisas, de resolver aquela situação, de discutir o Brasil”, afirma. Era comum que grupos se reunissem para discutir a literatura proibida pela ditadura: publicações marxistas, comunistas e de Paulo Freire.
Em meio aos conflitos e sendo pressionado pelos estudantes, Azevedo convocou o Conselho Universitário (Consuni) pela primeira vez em 17 de junho. O Consuni foi previsto no estatuto da UnB, mas ainda não tinha realizado reuniões até então. A reunião, entretanto, não teve o caráter democrático que dela se espera. O reitor conseguiu referendar a suspensão dos 16 estudantes e, depois disso, novas suspensões foram realizadas e alguns estudantes chegaram a ser presos.
No final de 1977, a ditadura já arrefecia. Estava em curso a abertura “lenta, gradual e segura” proposta pelo presidente Ernesto Geisel. No dia 12 de outubro, o presidente imposto exonerou o ministro do Exército, o general linha-dura Sylvio Frota, tido, até então, como seu provável sucessor. O ato de Geisel derrubou a ala conservadora e foi um dos marcos do fim da ditadura militar.

“Se o Geisel não tivesse derrubado o Frota, eles iam acabar com todos os comunistas”, diz Ramaiana Barros, autor do livro UnB 1977: o início do fim, que estudava Agronomia na universidade naquele ano. Ele estava prestes a se formar quando foi expulso em conseqüência de sua militância no movimento estudantil. “A UnB não me deu o diploma de carreira, mas me deu o diploma de vida”, afirma. “Tive o privilégio de fazer parte dessa escola”.
Eliane Cantanhêde, jornalista da Folha de São Paulo, tinha se formado na UnB em 1974. Na época da invasão militar, trabalhava na revista Veja e fazia a cobertura do movimento estudantil. “O reitor pedia minha cabeça toda hora na revista”, conta. “Naquela época, havia uma união muito grande da esquerda, da centro-esquerda e dos liberais a favor da abertura política”, afirma. “A UnB teve um papel importante nisso. Os estudantes foram bravos”, diz.

UnB

"Educação"

Haddad diz que governo está disposto a dialogar sobre investimento em educação do PNE
Qui, 16/06/11 16h33
Ministro afirma que quer estabelecer um percentual que seja cumprido na prática.
 
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou na última quarta-feira (15) que o governo se dispõe a negociar a meta de investimento previsto no Plano Nacional de Educação (PNE). O projeto enviado ao Congresso Nacional prevê que seja aplicado 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação até o fim da década – hoje esse patamar é de 5%. Mas o documento já recebeu diversas emendas sugerindo que esse percentual seja ampliado para 10%.

“Agora é fazer conta e verificar se as metas do plano serão ampliadas para mais e qual será o impacto financeiro disso no financiamento público. Estamos à disposição para dialogar com o Congresso, mas um plano que seja exequível e que possamos honrar”, defendeu.

Em audiência pública na Câmara, Haddad justificou que na última década o crescimento do investimento em educação foi de 2% do PIB. Segundo ele, para cumprir cada uma das 20 metas previstas no PNE são necessários R$ 80 bilhões adicionais ao investimento anual, o que representa 2% do PIB. “Nossa abertura para o aperfeiçoamento do texto é total. Mas é evidente que não queremos aprovar um plano que não seja cumprido, é importante que ele não seja uma carta de intenções. Não é só um desejo, é uma vontade combinada com determinações bastante efetivas do que a sociedade espera de nós para que as metas sejam atingidas”.

Perguntado sobre a viabilidade do aumento dos investimentos em educação, Haddad afirmou que essa pergunta “não deveria ser direcionada a ele”. “Perguntar para um ministro se ele quer 7% ou 10% do PIB é quase uma covardia. Evidente que quanto mais melhor. Mas este número [7%] tem uma lógica não é um número que caiu do céu”. Haddad afirmou que a presidenta Dilma Rousseff teria se comprometido em aplicar 7% do PIB em educação ainda na campanha eleitoral e que não teria conversado com ela sobre a possibilidade de aumentar esse patamar.

O deputado Angelo Vanonhi (PT-PR), que é relator da proposta, afirmou que a equipe econômica do governo deverá ser chamada à comissão especial que analise a matéria para debater a questão do financiamento. Segundo ele, o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, também foi convidado para explicar como os recursos do Fundo Social do Pré-sal poderão ser aplicados em educação, estratégia prevista no PNE. Inicialmente, Vanhoni tinha previsto terminar o relatório do PNE em agosto, mas já cogita encerrar apenas em setembro, por causa do grande número de emendas que o projeto recebeu, quase 3 mil.

Por Agência Brasil.