sexta-feira, 15 de abril de 2011

Estados deixaram de repassar R$ 1,2 bilhão para o Fundeb em 2010

Qui, 14/04/11 16h52
Levantamento aponta pendências em 13 unidades da Federação; Distrito Federal apresenta maior rombo.

           Doze estados e o Distrito Federal deixaram de aplicar R$ 1,2 bilhão no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) no ano passado. Os recursos do fundo, criado em 2007, devem ser aplicados por estados e municípios na melhoria da qualidade do ensino, incluindo investimento nas estruturas públicas das escolas e no pagamento de professores. O montante é composto por  percentuais de nove impostos e transferências como o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além de uma complementação da União.

         Levantamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pela administração do Fundeb, mostra que o Acre, Alagoas, o Amapá, a Bahia, o Espírito Santo, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, o Tocantins, Rondônia e o Distrito Federal repassaram para o fundo menos do que deveriam. O cálculo foi feito pelo FNDE com base na arrecadação desses estados. Vander Oliveira, coordenador-geral do Fundeb, afirma que cabe agora aos órgãos de controle investigar porque os entes federados não aplicaram o valor devido.

        “Não posso assegurar se o dinheiro deixou de ser aplicado na educação. A nós não cabe fazer juízo de valor porque esse papel é do tribunal quando for analisar e julgar a questão”, defende o representante do FNDE.  O maior rombo foi no Distrito Federal: R$ 1,03 bilhão. Segundo Oliveira, ao contrário do que determina a lei, o DF não tem conta específica para depositar os recursos do fundo. Dessa forma, o FNDE não tem como controlar se os percentuais estão sendo investidos ou não em educação. A grosso modo, é como se o DF não tivesse repassado nenhum centavo para o fundo em 2010.  

         De acordo com a Secretaria de Educação, técnicos já trabalham para resolver as pendências financeiras do DF. A assessoria de imprensa da secretaria ressaltou que no período de 2010, ao qual se refere o levantamento, o Distrito Federal teve quatro governadores após a Operação Caixa de Pandora - que revelou um esquema de corrupção e que resultou na saída do governador José Roberto Arruda do cargo - e o novo governo ainda está trabalhando para sanar essas “pendências”.

         O Fundeb, na verdade, não é uma conta única, mas 27 fundos – um para cada estado e o Distrito Federal. Cada um repassa para a conta específica 20% da arrecadação obtida com nove impostos e transferências e o dinheiro é aplicado nas redes municipais e estaduais de educação daquele ente federado. A União complementa com 10% do que os estados depositaram. Os entes federados que não  têm verba suficiente para investir o valor mínimo por aluno estipulado anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) recebem um complemento.

         Depois do DF, o Espírito Santo é o estado que deixou de repassar o maior valor ao fundo em 2010: R$ 186 milhões. A Secretaria de Educação foi procurada, mas não respondeu até o fechamento da matéria. Segundo Oliveira, o problema do estado é antigo e deve-se ao fundo estadual para desenvolvimento de atividades portuárias, para onde é repassada parte do ICMS que deveria ser enviada ao Fundeb.

        Apesar de em 2009 o déficit do Fundeb também ter ficado na casa de R$ 1 bilhão, Oliveira acredita que em 2010 o problema foi mais concentrado nos dois estados – o Distrito Federal e o Espírito Santo. Para ele, isso significa que os governos estão mais conscientes da responsabilidade do repasse ao fundo. “O problema se concentra no DF e no Espírito Santo. Nos outros estados as diferenças são residuais, que podem ocorrer em função de pequenos tratamentos da receita ao longo do ano”, avalia Oliveira. Em 2010, a receita total do fundo foi de R$ 87,4 bilhões, sendo R$ 58 bilhões dos estados, R$ 7,9 de completação do governo federal e R$ 21 bilhões de receitas advindas de impostos arrecadados pela União.

     A Secretaria de Educação do Rio de Janeiro alega que os R$ 5 milhões que constam como débito no levantamento se referem às receitas recebidas na última semana de 2010, que só são repassadas em janeiro de 2011 e deixam de ser contabilizadas pelo FNDE, que considera a movimentação da conta bancária do Fundeb até dezembro. Em nota, a secretaria afirma que “o Rio de Janeiro tem alertado repetidamente o FNDE sobre essa impropriedade técnica, sem resultado, o que vem causando um mal-entendido”. A  mesma explicação foi dada pelas secretaria de Educação da Bahia e do Acre.

      As secretarias de Educação do Pará e do Tocantins informaram que as equipes técnicas estão verificando com as instituições responsáveis pela distribuição dos recursos o motivo das divergências em relação ao repasse.

Por Agência Brasil
> Correio Braziliense, 14/04/2011 - Brasília DF
Trezentos estudantes fazem ato por mais verbas para a educação e para a UnB
Em reunião no MEC, manifestantes entregaram documento pedindo 10% do PIB para a educação e recursos emergenciais para reconstrução do Minhocão
UnB Agência


           Trezentos estudantes reivindicaram mais verbas para a educação e para a reconstrução do Minhocão em uma manifestação na Esplanada dos Ministérios. Eles entregaram ao Ministério da Educação uma carta que relata os estragos causados pela chuva de domingo e critica os cortes no orçamento das universidades. A revindicação é que 50% do fundo social do Pré-Sal e 10% do PIB sejam direcionados para a educação. Eles foram recebidos pelo secretário de Educação Superior, Luiz Cláudio Costa. “A UnB precisa de apoio para recuperar pesquisas e o patrimônio perdido por causa do alagamento”, disse o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes, Vitor Guimarães. “O corte só agrava a falta de recursos, que já é um dos impedimentos para que as universidades possam se estruturar para enfrentar, inclusive, esse tipo de situação”, afirma a estudante Camila Damasceno. 
           Diante de uma comissão de 10 estudantes, o secretário Luiz Cláudio recebeu a carta e reiterou o compromisso feito em visita à UnB nesta terça-feira. "A recuperação da UnB é uma prioridade para o MEC", disse. "Vamos aguardar o levantamento dos prejuízos para avaliar como fazer o aporte de recurso para ajudar na recuperação da parte danificada da universidade". Na avaliação da aluna Mel Biel Gallo, o saldo da reunião foi positivo, mas ainda deixou a desejar em relação a maiores investimentos na educação. "Apesar das palavras de que os cortes não vão afetar o ensino superior, não tivemos o compromisso sobre o investimento de 10% do PIB na educação", disse, destacando que hoje os investimentos são de 5,3%. 
           Protesto - Munidos com cartazes, uma bandeira do Brasil e um carro de som, os estudantes deixaram o campus Darcy Ribeiro em direção à Esplanada dos Ministérios, por volta das 10h. Em frente ao MEC, ocupando três faixas do Eixo Monumental, o grupo da UnB se uniu à outras representações estudantis do país. “A luta por mais investimentos na educação é nacional. O sucateamento não é privilégio de uma ou outra instituição”, afirmou o estudante da Universidade Federal de Goiás (UFG), Felipe Nicknig. Também estiveram presentes alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os estudantes realizam nova assembléia ao meio dia desta quinta-feira, 14 de abril, no Tetaro de arena. Na pauta, está a avaliação da reunião de hoje e o mutirão para ajudar na limpeza do ICC.