> O Estado de São Paulo, 18/04/2011 - São Paulo SP
Oriente vira a nova ‘disciplina’ escolar
Mariana Lenharo - Jornal da Tarde
Oriente vira a nova ‘disciplina’ escolar
Mariana Lenharo - Jornal da Tarde
A região do Oriente já não cabe apenas nas aulas de história. Com as recentes revoluções populares no local, que começaram no Egito e provocaram uma reação em cadeia em várias nações árabes, ganhando a atenção do mundo todo, os colégios da capital passaram a investir em atividades focadas diretamente sobre esse tema para aproximá-lo dos alunos.
No início do mês, o Tucarena foi palco de um debate sobre revoluções, guerras, religiões, preconceito e democracia. A plateia lotada, que não hesitava em expressar a grande diversidade de opiniões, era formada por alunos do ensino médio. O evento foi idealizado pelos professores de História, Geografia e Filosofia do Colégio São Domingos, em Perdizes, a partir da demanda crescente dos alunos por discussões sobre os países do Oriente.
O professor Flávio Trovão, de História, explica que tudo foi feito para que os alunos compreendessem melhor o que está ocorrendo no mundo. “Além da questão do vestibular e do Enem - não tenho dúvidas de que é uma temática que vai ser abordada nos grandes exames desse ano - queremos que esses garotos vejam que somos um mundo em transformação constante”, afirma.
Também o ensino médio do Colégio Dante Alighieri, do Jardim Paulista, participou de um módulo de palestras especialmente desenvolvido para discutir as questões orientais. “Começamos a fazer isso antes da queda do Mubarack (ditador egípcio). Tivemos debates semanais para atualizar o rumo que as revoluções tinham tomado. O último já abarcava as questões da Líbia”, conta o professor Roberto Diago, coordenador do Departamento de História, Sociologia e Filosofia. “Recebi um e-mail de um pai de aluno nos agradecendo por ele finalmente ter entendido os conflitos. Foi porque seu filho tinha explicado tudo”, conta. Redes sociais.
Na opinião da professora Elisabeth Victoria Popp, das disciplinas de Geografia, Sociologia e Ética do Colégio Paulista (Copi), na Lapa, um dos fatores que mais despertou a atenção dos jovens para os movimentos populares orientais foi a ferramenta usada pelas nações daquela região para propagar a revolução: as redes sociais.
O colégio agendou até uma palestra especial sobre o assunto, em maio, com o jornalista Herbert Moraes, correspondente da Record no Oriente Médio, que acaba de voltar ao Brasil. O tema também entrou na disciplina de Geografia do 9º ano, na qual os alunos aprendem sobre globalização. Já no ensino médio, os conflitos foram estudados em Atualidades e em Ética. “Percebemos que na medida em que os jovens trazem para a escola informações sobre o que está acontecendo na sociedade, a escola consegue se abrir para isso e discutir essas questões com eles”, diz a professora.
Já no Colégio Santo Américo, localizado no Butantã, a revolução do Egito foi tema do primeiro simulado do ano para os alunos do ensino médio. “É uma nova ordem que está se estabelecendo no Oriente e o aluno tem de estar antenado. Provavelmente, o assunto será tema de vários vestibulares”, acredita o professor de Geografia Rui Calaresi. De acordo com o educador, tem havido uma retomada por parte dos adolescentes no interesse a respeito das questões políticas e econômicas que se destacam na atualidade.
Evento multimídia torna a discussão mais atraente - Os alunos participaram de grande parte da organização do evento promovido pelo Colégio São Domingos no Tucarena: enquanto uma bancada coletava notícias dos jornais e da internet a respeito dos conflitos no Oriente, uma aluna postava no twitter atualizações sobre o evento. Outro estudante fazia desenhos ligados ao tema, que eram projetados no telão ao final de cada bloco de discussão e um colega grafitava em um painel o nome da atividade: ‘Oriente-se’.
Evento multimídia torna a discussão mais atraente - Os alunos participaram de grande parte da organização do evento promovido pelo Colégio São Domingos no Tucarena: enquanto uma bancada coletava notícias dos jornais e da internet a respeito dos conflitos no Oriente, uma aluna postava no twitter atualizações sobre o evento. Outro estudante fazia desenhos ligados ao tema, que eram projetados no telão ao final de cada bloco de discussão e um colega grafitava em um painel o nome da atividade: ‘Oriente-se’.
Além de compreender melhor as revoluções populares dos países árabes, os estudantes receberam um aula de debate. Ao mesmo tempo em que eram estimulados a expressar suas opiniões, eram orientados a fundamentá-las com argumentos sólidos. "Estamos discutindo se a revolução no Egito e na Líbia vai resultar na formação de uma democracia. Mas no Brasil a gente também não vive em uma democracia", disse um dos alunos. "Mas o que é a democracia para você?", replicou um dos professores. Pouco a pouco, as idéias começaram a surgir mais fundamentadas, com direito a paralelos com outros eventos históricos, como a 2ª Guerra Mundial, citações de entrevistas lidas no jornal e de documentários da TV. “Espero que eles olhem os conflitos e saibam que existe pessoas lutando e que eles fiquem mais conscientes de que a gente não pode ficar esperando as coisas acontecerem", diz o professor Flávio Trovão, de História. Ele explica que o evento tem como mérito o grande empenho em pesquisa exigido dos estudantes. “Alguns entrevistaram por e-mail uma repórter da agência Reuters, no Egito”, conta. De caráter multimídia, o evento contou ainda com a apresentação de vídeos editados pelos próprios estudantes com imagens de arquivo colhidas no Youtube. Houve também algumas apresentações musicais.
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